Sobre Uma Fotografia de Augusto Cabrita
Enxúndias ensacadas no cotim da farda,
papel de cartucho que quase se rasgava,
repressor-burocrata, descansavas à porta
do teu posto de escrita e de porrada.
No coldre, a pistola; na pança, a feijoada;
na perna, a polaina; no cérebro, o corrimento
que é mais que sensação, menos que pensamento.
E sob o teu rabo, a cadeira gemia
ao compasso da nalga que se descolava
do suor que sobre o tampo produzia.
Nos campos, a manada trabalhava.
Quem te fotografava, de longe é que o fazia.
Estava de passagem para uma outra vida.