Poesia  /  De Ombro na Ombreira  /  E de novo, Lisboa…

E de novo, Lisboa…

E de novo, Lisboa, te remancho,
numa deriva de quem tudo olha
de viés: esvaído, o boi no gancho,
ou o outro vermelho que te molha.

Sangue na serradura ou na calçada,
que mais faz se é de homem ou de boi?
O sangue é sempre uma papoila errada,
cerceado do coração que foi.

Groselha, na esplanada, bebe a velha,
e um cartaz, da parede, nos convida
a dar o sangue. Franzo a sobrancelha:
dizem que o sangue é vida; mas que vida?

Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,
na terra onde nasceste e eu nasci?

E de novo, Lisboa…
Este site utiliza cookies para permitir uma melhor experiência por parte do utilizador. Ao navegar no site está a consentir na sua utilização.
Caso pretenda saber mais, consulte a nossa política de privacidade