PUBLICIDADE

Há mar e mar, há ir e voltar

Há mar para ir e voltar,
di-lo O’Neill publicitário.
Para ir e voltar há bar
(já cá faltava o equívoco).
Ruy Cinatti, «Contra os monopólios poéticos e outros».
Ele trabalhava também em publicidade e eram impressionantes os achados que ele encontrava. Para a posteridade ficou aquela frase que ele escreveu para chamar a atenção aos banhistas: «Há mar e mar, há ir e voltar.» Para esta campanha ele tinha uma frase de que eu ainda gosto mais: «Passe um Verão desafogado.»
António Alçada Baptista, «Lembrança do Alexandre O’Neill», in «O Tempo nas Palavras», crónica na revista Máxima, Julho 2005.

Vá de metro, Satanás!

Propus uma vez a alguém (por brincadeira, claro) que oferecesse um slogan ao Metropolitano de Lisboa. O slogan era: «Vá de metro, Satanás!» Esta brincadeira ia-me custando o emprego.
Entrevista a Fernando Assis Pacheco, JL– Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 6.7.1982.

Ele não merece mas vota no PS

EXPRESSO – Fé política, alguma?
O’NEILL – Tenho uma fezada. Tendo para uma coisa que todos execram – esperemos que se diga execram – e que é o PS. Com todos os seus defeitos. Até fiz um slogan que andou por aí: «Ele não merece mas vota no PS.» 
Entrevista a Clara Ferreira Alves, Expresso, Lisboa, 21.9.1985.

Parker preenche em silêncio o seu papel

O fazer um slogan dá tanto gozo como fazer um verso. Eu tenho excelentes slogans, modéstia à parte, tais como: […] «Parker preenche em silêncio o seu papel.» (É óptimo, não acha?)
Entrevista a Baptista- Bastos, O Ponto, Lisboa, 4.2.1982.

Ser copy-writer é uma actividade engraçada pelo lado da invenção de slogans, por exemplo. Só é chata quando o cliente não percebe as nossas intenções e acha que está tudo mal. O jeito para o jogo de palavras, trocadilhos, etc., vive comigo há muito tempo e tem-me prejudicado razoavelmente na poesia, embora agora já esteja melhorzinho.

Entrevista a Fernando Assis Pacheco, JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 6.7.1982.

Bosch é bom

Com colchões Lusospuma você dá duas que parecem uma

«Sou autodidacta e técnico de publicidade. E desarrinquei alguns estribilhos notáveis: “Há mar e mar, há ir e voltar”, “Com Lusospuma não se dá só uma”, mas esta não foi aproveitada.»
Baptista-Bastos, «O’Neill. Um incomparável percurso poético», in Círculo de Leitores. Revista de Informação Literária e Musical, Jan./Fev./Mar. 1987.

Outros slogans de O’Neill:

Tofa: revelando num instante o segredo de um aroma

A segurança volta sempre

Gazcidla, o gás da cidade

Na estalagem X você está como não está em casa

Sines: assim, sim

O passado, o presente, o seguro

Eu sou, tu és, ele é, nós sumus C