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O Transporte do Gás Engarrafado

Fernandes, a transportadora, bem gostava
de não encontrar, logo à primeira, o cliente.
De cada vez-garrafa ela cobrava
vinte e oito e seiscentos, minha gente!

Passeava a garrafa, consoante o utente
em sua residência se encontrava ou não
(ou a transportadora dizia que era ausente);
e assim, de cada vez, Fernandes facturava,
vinte e oito e seiscentos, salvo erro ou omissão.

Por seu turno, o usuário protestava
contra os atrasos da distribuição.
Que sim! Que sim! Que estava sempre gente em casa!
E olhava, desolado, esquentador, fogão.

Somava e seguia sobre rodas
a Fernandes, que as sabia todas,
e a Cilda, até às vezes lhe pagava
mais do que recebia pela garrafa.

Entretanto, trabalhadores tomaram
a situação em mão
e a distribuição do gás já repensaram
para bem da população.

Que faz do meu país o baladeiro audaz?
Canta raivas, amores… Por que não canta o gás,
Mais a Fernandes e a distribuição?

1976

O Transporte do Gás Engarrafado
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