Sobreviveste, Mário (como assim!) de Vasconcelos,
aos grilos da paróquia.
Entre os blocos de prédios cada vez mais enevoados,
conténs os teus sapatos, como outrora.
Não houve pão-de-ló, nem malvasia,
naquele piquenique no Rossio.
Houve um anão. (Os burros da Malveira
ficaram retidos na fronteira.)
E o anão, que era um trotador,
fez questão de saltar-te para o ombro.
Com a voz grilada pôs-se a gritar «É a Hora!»
Oh, Mário, e tu mandaste-o embora!
Murmurações, cricris acompanharam
o teu gesto nada paternal.
Finalmente os burros liberaram.
Num chouto desesperado aqui chegaram
e estão a comer o teu bornal.
Mário, faz mal?