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Desenquadros: Medjid-al-Djâmi’a

Encostados a 849 das 850 colunas da Mesquita de Córdova, outros tantos cães, perna alçada, mijam. A coluna livre de cão sai. Toma banho no Guadalquivir em companhia de Pontus Hulten, que a convida para uma exposição temporária no Centro Pompidou. O convite nem sequer é ouvido. A coluna volta ao seu lugar. Grita: «– Presente», quando Carlos, secretariado por Michel Butor, manda proceder à chamada e verifica que, em relação ao número inicial de colunas, haviam sido abatidas 150 por aqueles Cristãos que estavam a destruir, com a alimentação do monstruoso abcesso catedralício, Medjid-al-Djâmi’a. É nesse momento que o Imperador, expulsos os cães por funcionários da edilidade, convoca, mão no nariz, os cónegos e ralha com eles: «– Se eu tivesse sabido o que queríeis fazer, não o haveríeis feito, porque o que estais fazendo pode encontrar-se não importa onde e o que tínheis antes não existe em parte alguma.» Butor e Pontus Hulten aquiescem, já com a má consciência dos pósteros de renomada cultura, quiçá cristã.

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