Periclitam os Grilos
Periclitam os grilos:
a noite é nada.
Quem tem filhos tem cadilhos.
(Que quadra tão bem rimada!)
Não espere, leitor, que eu diga:
«Debaixo daquela arcada…»
Não venho fazer intriga:
versejo só – e mais nada.
Assim o terceiro verso
desta tirada
(reparou que é um provérbio?)
não significa mais nada.
Se a noite é nada e os grilos
não estão de asa parada,
não vou puxar, só por isso,
o fio à sua meada,
leitor que me pede história
que já traz engatilhada,
leitor que não se habitua
a que não aconteça nada
em poesia que comece
como esta foi começada
e acabe como esta
vai ser agora acabada…