De Um Bestiário
FORMIGA
Com a formiga viajei,
Quase de braço dado…
Senhora formiga
É bom que se diga
Que tu és má:
Vais à alma, a pé,
P’ra roubar até
O que lá não há…
CISNE
Na água lenta onde insinua
O pescoço, espasmo constante,
Pura e hostil desliza a sua
Branca forma perturbante.
ANDORINHA
Despenteei-me já, mercê duma andorinha
Que na cabeça me passava p’la tardinha.
GRILO
O grilo que lutava ainda,
Adormeceu.
Coitado,
Já não podia aguentar o peso da noite!